quarta-feira, 17 de outubro de 2007

nina simonal

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como diz o outro, "ah, eu não douro pílula" de ninguém. aliás, já bem me bastam as minhas, que eu sei o quanto custam para me grelhar o estômago.

de qualquer maneira, aviso logo, pelassacarei. pelassacarei em pequenas notas porque ainda não estou pronta para escrever uma tese sobre ele, sobre ela.

falo sobre o álbum 'little girl blue', sobre a danada da nina simone.

não-me-INTERESSA, que fique bem claro, se o meu imaginário leitor está pensando: "poxa, mas como assim você não conhecia?! esse disco é fooooda, mas, tipo, desde os nooove anos que eu não escuto, porque enjoei de tanto rodar o vinil original de 1958 na vitrola de papai".

foda-se se você tá pensando isso. meu pai é ausente, minha mãe, quando eu tinha nove anos tava, provavelmente, curtindo o sucesso do "rala o pinto", que ela tinha trazido de arraial d'ajuda, na bahia, uns 3 anos antes do axé estourar no sudeste. 'o canto da cidade sou eu, o canto dessa cidade é meu', da daniela, tava na mesma fita. então não fode comigo.

e não penseis vós que, de maneira alguma, desprezo estas qualidades em papai e mamãe. nada mais elegante do que a incondicional liberdade que papai dava à mamãe para tratar dos assuntos tangentes à minha educação (bem como a todos os outros, diga-se); e, menos ainda posso argumentar contra a atenciosa tentativa de mamãe em me erguer do mundo dos mortos, tendo a delicadeza de trazer consigo e até mim o carnaval da bahia condensado em k7. tivera ela êxito, não estaria eu agora, quase vinte anos depois, on legal drugs e com imensa dificuldade em, como direi?, 'ralar a tcheca' e praticar o 'coqueirinho'. bem intencionado papai! espirituosa mamãe!

mas voltando aos pequenos apontamentos sobre nina e seu debut:

nina em litte girl blue é nana em mudança dos ventos. mas, mais do que isso, nina é roberto, o rei carlos du brésil. os dois botam muito coração no negócio, tornando impossível a gente acreditar em outra palavra de ordem que não seja aquela. 'you ain't been blue/ till you've had that mood indigo’. e aí lascou. ela aponta do dedo na tua cara e diz que você só ficou triste de verdade se foi nessas condições. e se ela diz isso tão incisivamente, quem vai ser cabra macho pra desmentir?

“Sit there and count the raindrops
Falling on you
It's time you knew
All you can ever count on
Are the raindrops
That fall on little girl blue”

se o teu tempo já passou, vovó, não resta outra alternativa possível a não ser botar o rabinho entre as pernas, sentar lá e ‘count your little fingers/ unhappy little girl blue’. quer dizer, nos mandaram tirar nosso cavalinho da bacia de água gelada do início o século XIX e colocá-lo diretamente na chuva. nos libertaram da tuberculose, mas se tu bobéier, ainda sai todo molhado. e aí, pelo menos uma gripe, mais cedo ou mais tarde, tu vai arrumar.

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olha, ‘o verve remixed 3’ tem uma versão desta música (little girl blue) que é de uma sensibilidade comovente, hein! dj zé pedro é buarque de holanda perto daquilo.

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e falando em revisita, rc, jovem guarda etc., mal posso esperar para que minha versão de "my baby just cares for me" fique pronta. chamar-se-á "meu preto só quer comigo" e entregá-la-ei diretamente nas mãos de joelma, da banda calipso. isso na guitarra de ximbinha será su-su-su-su-su-su-cesso!

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Um comentário:

leandro disse...

em pensar que, muito provavelmente, tu foi gerada ao som de 'medo de amar no. 2', na interpretação de simone, a cantora brasileira. é pra pensar.