segunda-feira, 10 de setembro de 2007

antônio

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"antônio, você é um cara legal, um cara inteligente, um cara bonito. deixa eles pra lá."

essa frase eu ouvi atrás de mim, quando saía do parque lage, dita por uma voz feminina adulta. não resisti e me virei para ver de quem falavam, afinal de contas, ao passar antes por ali, só tinha notado duas mulheres sentadas na mureta.

aí vi antônio. não tinha mais do que seis, cinco anos de idade. cabelinho de índio, magrinho e ágil. naquela hora, se contorcia como se cortorcem as crianças frustradas e inconformadas. alguns metros mais para o lado, outros dois garotinhos - cúmplices - brincavam com um gato, divertidos.

não sei, mas depois de todos esses anos de psicanálise, terapia e - por que não dizer - depois de todos esses anos, simplesmente, se estivesse eu encarregada da educação daquela criança, creio que meu conselho teria sido outro. de uma forma compreensiva, suave e segura, diria:

"antônio, vai lá e desce o cacete!"

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sábado, 8 de setembro de 2007

amiga,

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e se não te interessa viver nenhum dos sentidos, a menos que comunicá-los ao mundo, de alguma forma, seja indispensável, e você não tem energia nem pra começar?

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