sexta-feira, 13 de junho de 2008

para elas

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para vozinha, dindinha, tia iracema, bibi, bitiz e vó arminda.

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há quem não entenda meu gosto por mulheres mais velhas, acontece que eu só acredito nelas.
e só a elas consigo proteger do mundo mau com as minhas gracinhas.

faço isso me aproveitando inescrupulosamente dos seus olhares embotados de fascínio, enganados pela minha habilidade na representação de inocência.

desta forma, planejo, certeira e artificiosa, cada gesto encantador para retribuir, agradecida, o conforto do qual elas se despojaram para abraçar a dor de amar uma pessoa nova.

especializei-me em criancices para distraí-las e, no meio da confusão, ir renovando, advertidamente, o pacto familiar que faz da dor de cada uma delas a minha própria dor.
até o fim dos nossos dias juntas.
das nossas fotos juntas.
da nossa história antepassada e futura.
juntas.

e, servindo-me de ludibriosa perfeição, calculada imperfeição e incontestável devoção, despedirei-me das mulheres de minha vida, uma a uma, arrumando-lhes as flores e esperando ter-lhes trazido alguma alegria.

em 03.05.2007

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